quinta-feira, 3 de julho de 2008

Memória do Futebol Potiguar - Alecrim


História

O Alecrim foi fundado no dia 15 de agosto de 1915, por um grupo de rapazes do bairro do Alecrim, que reuniam-se em frente à Igreja de São Pedro aos domingos. A reunião de fundação no clube ocorreu na residência do coronel Solon Andrade e estiveram presentes os seguintes fundadores: Lauro Medeiros, Pedro Dantas, Cel. Solon Andrade, José Firmino, Café Filho (Presidente da República 1954-1955 e ex-goleiro do alecrim), Lauro Medeiros, Humberto Medeiros, Gentil de Oliveira, José Tinôco, Juvenal Pimentel e Miguel Firmino. A idéia inicial que motivou a fundação do clube esmeraldino, tinha como objetivo principal, ajudar de forma filantrópica as crianças pobres do bairro que lhe deu origem.
A fundação do Alecrim foi realizada no sítio Vila Maria, de Cândido Medeiros, à rua General Fonseca e Silva. Lauro Cândido de Medeiros foi o primeiro presidente do clube, que tinha o futuro presidente da república do Brasil, João Café Filho, como seu primeiro goleiro. O primeiro jogo do Alecrim foi contra o time da Escola de Aprendizes Artífices, com a vitória do Alecrim.
Segundo alguns estudiosos do futebol potiguar, existem divergências quanto ao ano da fundação do Alecrim, posto que alguns documentos citam o ano de 1917 e não o de 1915, como tendo sido a real data de nascimento do clube esmeraldino. A edição de "O Poti” de 04/09/1983 cita categoricamente o ano de 1917, como sendo o ano da fundação do Alecrim. Discussões a parte, pouco tempo depois, em 1918, surgia o Centro Esportivo Natalense, fundado por Antônio Afonso Monteiro Chagas. Os senhores Henrique Castriciano e João Café Filho estavam presentes na reunião de fundação deste clube de vida efêmera. Este time era formado por marinheiros e oficiais lotados à época em três encouraçados que se encontravam fundeados no Porto de Natal devido à Primeira Guerra Mundial. Seu uniforme possuía camisa verde com faixa amarela e calção branco. Tinha muita torcida nos bairros da Cidade Alta e do Alecrim e foi o primeiro clube no estado a ter uma agremiação feminina de futebol. Durante algum tempo, o Centro Natalense absorveu os jogadores do Alecrim, que parara suas atividades neste período por falta de recursos financeiros.
O Centro Natalense se extinguiria em 1922, logo após a transferência do comandante Monteiro Chagas, que era da marinha. O Alecrim voltaria suas atividades no ano de 1923, coincidindo com a chegada a Natal de um sujeito chamado Alexandre Kruze, um pernambucano filho de alemães. Apaixonado pelo futebol, Kruze, além de rádio-telegrafista da Marinha, especializou-se em Educação Física e Desportos (Nomenclatura da época), e naquele ano, o jovem sargento Kruze era transferido para a Cidade do Sol. De uma maneira ou de outra, o cara conseguiu entrar no modesto time do Alecrim, e logo ocupou uma posição de destaque no alviverde. Falando constantemente em técnica e tática do futebol, Kruze motivou os dirigentes do clube a confiar-lhe uma nova missão: treinar o time do Alecrim. Deu no que deu. Em 1925 o Alecrim levantava o caneco de campeão de maneira invicta, fato inédito entre os clubes de futebol da cidade até então. Como naquela época o Alecrim era formado, basicamente, de negros e descendentes de índios, os caras do ABC e América, que eram times das elites do bairro do Tirol, ficaram putos da vida. No tapetão, o jeito foi dissolver a federação de futebol da época, pra que o campeonato fosse invalidado. Assim foi feito, é mole?

Da bolinha murcha ao tal do batendo um bolão

Os anos foram passando e o Alecrim seguiu jogando uma bolinha mais ou menos. 38 anos passaram até o segundo título, que veio em 1963, com o técnico Geléia, numa vitória contra o ABC (o ABC é considerado a 2ª força do futebol potiguar). Nessa época ainda não havia o “bicho” (grana recebida pela vitória). A grande regalia dos jogadores depois de ganhar algum jogo, era um copo de refresco de maracujá acompanhado de um pão doce. Coisa fina... No ano seguinte Geléia deixou o clube dando lugar a Pedro 40, que garantiu o bi-campeonato contra o mesmo adversário. O ABC passou dois anos sendo freguês do escrete alecrinense.

O meio oito na vida do Alecrim e a visita do Mané

Em 1968, outra façanha, outro chiste do Alecrim. O espírito do time de 1925 baixou no clube naquele ano, porque o esquadrão esmeraldino venceu o campeonato estadual de ponta a ponta. Mais uma vez, invicto! O quarto título do verdão contou com 10 jogos disputados. Sete vitórias, três empates e 24 bolas deixadas nos fundos das redes adversárias. Embalados pela conquista, nesse mesmo ano a torcida do Alecrim ganharia mais um presente. Num amistoso contra o Sport (PE), o gênio das pernas tortas, Mané Garrincha, vestiu a camisa 7 do clube alecrinense e fez a alegria da galera. Apesar da derrota por 1 a 0, aquele 04 de fevereiro ficou para sempre na história do Alecrim.

A Fera verde

A torcida organizada do clube é um caso a parte. Nascida das bebedeiras pelos bares da vida, os Fiéis Esmeraldinos Radicais – FERA - acompanham o time do Alecrim há mais de trinta anos. Mas verdade seja dita. Além das bacantes bebedeiras inspiradoras, a fundação da Fera teve seu pavio acesso, de fato, após um jogo do Corinthians e América no Campeonato Brasileiro de 1977. Um grupo de ‘alecrinenses’ estava naquele jogo e ficaram maravilhados com o verdadeiro show que os torcedores corinthianos promoveram no Machadão. Vieram da capital paulista os Mosqueteiros do Timão, os Gaviões da Fiel, Coração Corinthiano e a Camisa 12. A mistura foi essa: bar + cerveja + Corinthians = Fera. Na década de oitenta, um dos torcedores mais fanáticos que a FERA tinha, era um cego. Chico Araújo ia “ver” os jogos munido do seu radinho de pilha, não perdia uma única partida que fosse. Isso sem falar no berrô, no berrô que o Armando deu, outro que comungava verbalmente da liturgia alecrinense. Em dias de jogo, reza a lenda que o grito de “juiz ladrão” de Armando ecoava o Machadão inteiro. Vai saber né? É por essas e outras que o Alecrim F.C. é, sem dúvida, um dos times de futebol mais cheio de anedotas que apareceram na face da terra. De goleiro presidente á torcedor cego, até Garrinha tirou uma onda pelos gramados alecrinenses. É o mais autêntico clube do RN, já que tem as mesmas cores da bandeira do estado, foi criado no mesmo mês de Fundação do Rio Grande do Norte e tem o nome de um bairro de Natal. Vida longa ao escrete esmeraldino.

Curiosidades


Escudo usado até 2003

- O Alecrim teve em sua história um presidente do Brasil que vestiu a camisa do clube, Café Filho, que atuava como goleiro e inclusive participou da fundação do Alecrim.


- O Alecrim teve a honra que ter contado com Garrincha (o segundo na foto agachado) que por uma partida, que no dia 4 de fevereiro de 1968 jogou no Juvenal Lamartine com a camisa 7 do Alecrim num amistoso contra o Sport de Recife, que venceu por 1x0, gol de Duda. Público de mais de 6 mil pagantes, renda de Cr$ 21.980,00. Alecrim formou com Augusto, Pirangi, Gaspar, Cândido e Luizinho, Estorlando e João Paulo, Garrincha (Zezé), Icário, Capiba (Elson) e Burunga. Nesse amistoso, o Sport lançou, para testes, Garcia (RAC) e Evaldo (América), formando com Delcio, Baixa, Bibiu, Ticarlos e Altair, Valter e Soares, Bife, Cici, Duda (autor do gol) e Canhoto.


Títulos:

Campeão Estadual em 1925, 1963, 1964, 1968(invicto), 1985 e 1986.

Campeão do Torneio Início em 1926, 1933, 1947, 1949, 1953, 1961, 1965, 1966 e 1972.

Campeão da Taça Cidade do Natal em 1979, 1982 e 1986.

Campeão do Torneio Incentivo em 1976, 1977 e 1978.

Futuro

O Alecrim FC quer voltar a ser um clube de ponta no estado, ganhando títulos, o sonho de todos que torcem pelo Alecrim F. C. é o de construir um CT é administrar o antigo estádio JL (Juvenal Lamartine) em parceria com o poder público, restaurando-o.

Fonte: Site do Alecrim
Site História do Futebol no RN
Wikepedia
Nordestebol

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